Mateus 26.17-25
Quando leio o texto em destaque, lembro que Judas caminhou com Jesus
por tanto tempo e, mesmo assim, entregou seu Mestre aos que queriam matá-lo. Também
me desafia o fato de Jesus compartilhar com o traidor aquela refeição tão
importante. A ceia da amizade e do prenúncio da morte do Salvador assumia,
naquele momento, outro tom. Era como dizer: “Há um traidor entre nós – alguém que
parece ter os mesmos interesses de todos mas, no fundo, tudo o que faz é
visando apenas a si mesmo”. Para Jesus, havia a expectativa de sofrimento e
morte pelos pecados da humanidade para proporcionar vida eterna. Será que
alguém ficou perplexo com a tranqüilidade de Judas em cear junto com todos e
logo depois entregar Cristo por um valor irrisório para um ato tão hediondo? Ao
cair em si, todavia, Judas não se arrependeu do ato – sentiu remorso, apenas. Em
sua insensatez, pareceu-lhe único o caminho do suicídio (Mt 27.3-5). E pensar
que Jesus esteve sempre ali, pronto para ouvir, atender, restaurar. Ele perdoou
a tantos, restaurou a Pedro, atendeu às duvidas de Tomé, manifestou-se aos seus
amigos - discípulos medrosos e covardes, derramou-lhes o Espírito Santo. Mas a Judas
restou a auto exclusão do grupo e da existência, que já não mais lhe cabiam.
Judas
é a figura do pseudo discípulo, do desperdício da grande oportunidade de
deixar-se transformar pela proximidade com o Mestre e, no entanto, tão longe?
Já andou com Ele e conheceu a paz que Ele traz mas, por alguma razão,
afastou-se do Mestre e teme não ser mais aceito? Não importa a que distância de
Deus você esteja, há sempre a chance de voltar para aos braços eternamente
acolhedores de Deus. Ele o receberá como o pai do filho perdido (veja o
versículo em destaque). Venha correndo!
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